terça-feira, 22 de novembro de 2011

Tempo, tempo, tempo...

Escrevo depois de chegar em casa, brincar com a minha filha, preparar a janta, dar comida e dizer a ela que hoje não dá tempo de brincar, de contar história. Isso hoje. Porque eu precisava tentar deixar a cozinha em ordem, depois de um final de semana cheio de passeios e histórias.




Navegando pela internet, nos mais variados temas que me interessam me deparo com estes links da Revista Crescer, sobre a questão da maternidade e do trabalho.



Trabalhar ou ficar com os filhos?



O mais bacana é poder pensar que de fato há a opção, isto é, que caso eu tenha filhos, eu possa optar em não trabalhar (não é uma realidade muito presente em quase nenhum lugar no mundo, caso você seja das mães que não tem parceiros para arcar com a casa). E que a opção real entre: vou trabalhar integral e meu ou minha companheira é que vão tocar; ou vou ficar com os filhos e o companheiro ou companheira que vão cuidar da questão financeira; ou então, a que tanto tento me enquadrar e cada dia vejo mais distante: uma flexibilidade entre empregador e empregado para que seja possível cuidar dos dois.



Eu acho que posso me usar como exemplo: trabalho, sou super atenta, mas não sou workaholic, não fico horas a mais, na verdade acho isso bem danoso à saúde de qualquer trabalhador. Revela um desvio tanto do empregador quanto do empregado, porque está havendo um exagero (ou no trabalho ou na falta de, e assim se prolongam as suas horas no local de trabalho, ou chamado escritório).



No entanto me vejo perfeitamente trabalhando com um horário mais flexível ou até mesmo reduzido, tipo, 6 horas por dia, sem comprometer em nada a qualidade do trabalho.



Atuo na área cultural há quase 10 anos, então muitas vezes tenho algumas viagens programadas por conta do trabalho. Da última vez fiquei 10 dias fora, no Norte do país, trabalhando. Falando, no máximo, 1 vez por dia (quando possível) em casa, com meu marido e filha. E produzi pra caraca!! Mas voltei, cheia de saudades, queria aproveitar mais a minha filhotinha e meu companheiro. Mas trabalho num esquema de banco de horas, então eu devo horas (apesar da viagem), então não posso.



Dia desses, Tarsila ficou com catapora. É uma doença infantil, em geral não compromete muito, mas se não for bem cuidada, pode trazer seqüelas como pneumonia e uma inflamação cerebral. Que mãe que vai trabalhar tranquilamente desse jeito? Então são horas disperdiçadas, tentando focar no trabalho, com o pensamento em casa. E, não seria mais humano e ter uma flexibilização do horário (de acordo com as leis - sempre as leis), de que em ocasiões como esta, o seu trabalho permitindo, você pode realizá-lo de casa, ou então autorizando os pais a ficar em casa para poder cuidar bem dos filhos?



O curioso é que ser mãe me deixou mais focada, mais ágil, mais atenta, e mais rápida. Mais organizada, e com um planejamento melhor. O que muitas vezes me atrapalha são as 9 horas (porque são 8 horas trabalhadas mais uma hora de almoço), que precisam ser preenchidas com o trabalho.



Voltando à questão inicial do post, sobre trabalhar e cuidar dos filhos. Todas as crianças que vejo, filhos de amigas, minha filha e eu mesma, como filha. Acredito que o maior peso seja a mulher não se culpar tanto e curtir os momentos: quando está em casa, curtir a casa, os filhos, o companheiro. Quando está no trabalho, focar no trabalho. Sim, os assuntos se mesclam, no trabalho comentamos de como estão as coisas em casa e em casa muitas vezes comentamos de como estão as coisas no trabalho. Mas comentar, como algo do dia, um acontecimento. E não se ocupar do assunto quando não é o momento.



Uma amiga diz, várias vezes, que me vê como uma mãe bem resolvida. Eu me vejo assim, querendo, na verdade, 2 horas do dia que dedico ao trabalho, que eu pudesse dedicar à minha casa, tendo assim um equilíbrio entre as duas vidas, a vida do trabalho e a vida em casa.



A Tarsila tem orgulho, poucas vezes pergunta porquê eu estou fora ou não estou com ela, o mais engraçado é que ela quer estar comigo. Como trabalho na área cultural, uma parte do meu trabalho pra ela, é cheia de graça. Chego em casa, pergunto como foi seu dia, o que fez de mais divertido. Não me ausento nos momentos em que estamos juntas. E acho que é essa a qualidade que faz a situação ficar bem resolvida. E é essa a fórmula que funciona para mim neste momento. Pode ser que tudo mude. E é preciso estar aberta para isso também. E a família inteira estar nessa, juntos.



O que saiu publicado na Revista Crescer, é uma discussão enorme, o que foi levantado é apenas o primeiro degrau de uma escada gigantesca que precisamos trilhar.



Muitas empresas, principalmente essas mais tradicionais e burocráticas, tendem a acreditar que a mulher, após o nascimento do filho, perde o foco, perde a capacidade de trabalho, porque às vezes precisa se ausentar por conta da família em formação. Portanto, acreditam que a maternidade causa uma incapacidade na mulher.



E o que se pode observar é bem o contrário. Uma administração maior do tempo, um bem escasso na sociedade atual, conseguindo inclusive administrar melhor o que é prioritário daquilo que não é, promovendo uma mudança intensa, inclusive em seu modo de organização - interno e externo – mais uma vez consigo me ver no exemplo, já que sempre fui desordenada, e que hoje consigo fazer o que descrevi em cima e ainda parar, depois de ter posto a filhota pra dormir com uma breve história, em duas horas e meia após ter chegado em minha.



A abordagem inclui a questão de não ser só da mãe essa flexibilidade, mas de ser negociada entre o casal, dependendo do trabalho, a mulher não tem a flexibilidade, mas o homem tem.



Ahn, mas aí... já são outros 500...



E você, o que acha??

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